terça-feira, 27 de outubro de 2015
Mulher negra,
Por que se esconde de mim?
Será que busco em ti um retrato
Como aqueles em preto e branco
Hoje todos coloridos.
Mulher negra,
O que há em ti?
Que foge de meu olhar reducionista
Mulher e outrora negra,
Outrora lésbica, outrora albina
Mulher negra,
Pensei em ti
Mas ao abrir os meus olhos
Aquele quadro que pintei
Já não existia
Mulher negra
Se espalham, se multiplicam
Dancem rap ou talvez nem dancem
E este substantivo singular
A aprisionar milhões de outras mulheres
Poderiam estar nos terreiros
Em quilombos
Nas universidades
Mas indago
Me pergunto, onde estão
As outras?
Aquelas vozes
que não foram habilitadas
Mulheres negras
São tantas, tão múltiplas
Que me inquietam
Sabe, as vezes me fazem calar
Tenho medo de falar bobagens
Quando me calo
É para que as minhas palavras
Não as sufoquem ainda mais!!
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ResponderExcluirObrigada escritora Cris Aramí por nos trazer aqui..para esse espaço da poesia...nós! todas as outras!...nós as negras albinas, surdas, mudas, travestis, lésbicas, trans, cadeirantes, mulheres sem braço, de muletas, anãs, gordas, e as não nominadas nem por si mesma, as que estão por vir...a todas nós que a sociedade teima em nos invisibilizar ou nos rotular na categoria dos vulneráveis incapazes, carentes, ...doentes...nós as humanas de fato!!!! o restante é novela da globo!! Eu estou extremamente tocada...comovida, representada pela sua inimaginável humanidade...eu sua deslocada desse mundo!!!!
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