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Máscaras Brancas...

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Naquele  rosto Uma figura de mulher, de longe quase um anjo Negra como eu! Como você? Quem sabe... Quem saberá o que teus olhos negros escondem O chicote em uma mão, e a mordaça em outra Já não lhe vejo a fuça Vejo a maldade Densa, bruta e dilacerante Seus olhos cor de ébano Me sorriem do alto de sua servidão Olhos abutres Um sorriso acre, calmo, lento. A espera de um vacilo, de um tropeço Uma vigília fúnebre Caio na escuridão escaldante Calabouços sem fim De repente, as vozes Todas as vozes do mundo Já não me encontro Pedaços de mim Mil pedacinhos de mim Pacientemente mutilados Percorrem em suas mãos Nas mãos de todo mundo Nas mãos de ninguém A carapaça coberta de sangue Do meu sangue... e de quantos mais em suas mãos? 2024...   

Cristiane Mare da Silva e Paulino Cardoso. O ODIOSO ANTIRRACISMO DA CLASSE MÉDIA BRASILEIRA. Comunidad Saker Latinoamérica, 21 de novembro de 2025

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                         O ODIOSO ANTIRRACISMO DA CLASSE MÉDIA BRASILEIRA Em uma entrevista recente à Revista Carta Capital, Marilena Chaui, filósofa  e professora da Universidade de São Paulo,USP, afirmou que em uma sociedade capitalista, dividida entre dominadores e dominados, a classe média cumpre uma função: mesmo sem identidade,  serve de correia de transmissão dos valores das classes dominantes.  Ela, ao mesmo tempo em que possui o sonho de ser burguesia, convive com um pesadelo constante, cair na pobreza. Porém,  como confunde capital com dinheiro, cria a ilusão de pertencer a burguesia por meio do consumo de sinais de riqueza, o carro, a casa com seus inúmeros banheiros, as viagens internacionais. "Então, como  ela controla o pesadelo e o sonho? Bajulando os dominantes e massacrando, com o seu discurso, com as suas práticas, os dominados". E concluí:  a classe média é odiosa....

EXTRANJERA

Extranjera  Desde hace mucho Desde hace siglos Buscando caminos Extrañándo a  Mis sueños a los amores a mis flores los fui dejando por el camino Por la vereda Rincones  Ahora juguetes Que me llevan por toda parte que llegan en parte alguna y me reparten  Sigo extranjera  Sigo caminante Sigo pasajera Mi hogar es mi propio camino...

Cristiane Mare da Silva. El SUR ES MI NORTE: LAS MÁRGENES DE SI. Arandu: Estudos de Crítica da Cultura Contemporânea, 03 de agosto de 2025.

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  Mural de Igor Izi próximo a Ponte da Amizade em Foz de Iguaçú, Paraná. El SUR ES MI NORTE: LAS MÁRGENES DE SI . Cristiane Mare* Essa é a cara do Sul que me encanta, e da qual eu sou profundamente apaixonada. Precisei do tempo, para que a gente se encontrasse. "Ara", que significa tempo, e “Andu”, que significa sentir ou ouvir= Arandu ou sabedoria em guarani.  O retorno à Cascavel, Paraná, foi um vislumbre do passado no presente. Voltar aos espaços de memórias que nos causaram profundo sofrimento não é tarefa das mais fáceis, entretanto, podem ser uma oportunidade para alinhavar as ideias e dar-nos o direito de enfrentar nossos próprios demônios.  O certo, é que referente às minhas inúmeras experiências e ao trágico destino de lideranças latinoamericanas, também compreendi que há uma Cascavel, como a Moira para os gregos, em todo lugar.  Portanto, retirei Cascavel de seu lugar recôndito e singular, minha Cascahell, a situando dentro de disputas de narrativas e proj...

Cristiane Mare da Silva. NOTAS SOBRE A CULTURA TOTALITÁRIA. Arandu: Estudos de Crítica da Cultura Contemporânea, 09 de agosto de 2025.

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  Por Cristiane Mare da Silva* Espero não ser mal interpretada, mas hoje, diante da escuridão em que vivemos, e ao vislumbrar tempos ainda mais difíceis, há dias que eu penso: prefiro lidar com os bolsominions, primitivos, grotescos, escandalosos, mas pelo menos com eles eu sei por onde ir, pois declaram o que pensam, sem tramelas na língua, utilizam-se de um vocabulário profundamente adequado a suas ações punitivistas, moralistas apoiados a ideia que representam o cidadão de bem.  Logo, temos uma segunda parcela da sociedade brasileira, que a partir dos manuais de etiqueta, aprenderam que há coisas que não se deve declarar no espaço público, pois não soam bem. São bonitos, se vestem bem, são portadores quase sempre de uma cultura erudita.De modo geral, silenciam, estão sempre em cima do muro e afirmam que política é suja. Portanto, não se metem com ela. Afirmam que todos temos direitos iguais, dentro desse escopo universalista liberal, na prática são: moralistas, punitivistas...

Cristiane Mare da Silva. RAZÃO E RESPONSABILIDADE: COMO HONRAR A MEMÓRIA DOS MORTOS POR NOSSA LIBERDADE . Arandu: estudos de crítica da cultura contemporânea, 05 agosto de 2025.

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  RAZÃO E RESPONSABILIDADE: COMO HONRAR A MEMÓRIA DOS MORTOS POR NOSSA LIBERDADE            Por Cristiane Mare da Silva Quando uma “comunidade de sentido” se transforma em uma “comunidade de interesses”, sem ou com metáfora (ao gosto das interpretações), quem nela ocupa o topo da cadeia alimentar vira caça predileta . E, no reino animal, a perseguição é implacável e irrecorrível. Não há juízo, consciência, pausa, reflexão, limite. Nada importa, a não ser o mórbido prazer de saciar a sede e a fome diante do sangue ainda fresco.                                        Wilson Matos I’ m not your negro (Raoul Peck,2016). A primeira vez que ouvi falar sobre esse documentário, estudava na cidade de São Paulo e lembro da euforia, em que há cer...

PRETINHO NORDESTINO

Estava eu nos últimos dias de atividades escolares. Os estudantes há essa altura já se encontravam de férias. Um dia lindo e para quem mora no litoral catarinense, dias lindos e abrasadores, significa deu praia, enquanto nós, os professores, estávamos fechando os temíveis conselhos de classe. Na segunda, havia trabalhado manhã, tarde e noite, no dia seguinte o corpo todo doía e a enxaqueca era forte, estar com os colegas o dia todo soa como estar no estreito de Kerch, que liga o Mar Negro ao Mar de Azov, separando a Criméia da Rússia Continental. Os professores fazendo suas análises de conjuntura, o fulanito, a fulanita e o beltrano. Eis que no meio de tantas turmas, apareceu uma estudante causando um certo furor entre professores, a discente era famosa, ficando conhecida como a Carminha da escola, Seu pobre, era seu jargão preferido, Competindo com- Odeio vocês seus pobres, vamos lá para a banca de heteroidentificação, loira, e não se se enganem, o sul é a pátria dos brancos? Sim, de ...