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Cristiane Mare da Silva. NOTAS SOBRE A CULTURA TOTALITÁRIA. Arandu: Estudos de Crítica da Cultura Contemporânea, 09 de agosto de 2025.

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  Por Cristiane Mare da Silva* Espero não ser mal interpretada, mas hoje, diante da escuridão em que vivemos, e ao vislumbrar tempos ainda mais difíceis, há dias que eu penso: prefiro lidar com os bolsominions, primitivos, grotescos, escandalosos, mas pelo menos com eles eu sei por onde ir, pois declaram o que pensam, sem tramelas na língua, utilizam-se de um vocabulário profundamente adequado a suas ações punitivistas, moralistas apoiados a ideia que representam o cidadão de bem.  Logo, temos uma segunda parcela da sociedade brasileira, que a partir dos manuais de etiqueta, aprenderam que há coisas que não se deve declarar no espaço público, pois não soam bem. São bonitos, se vestem bem, são portadores quase sempre de uma cultura erudita.De modo geral, silenciam, estão sempre em cima do muro e afirmam que política é suja. Portanto, não se metem com ela. Afirmam que todos temos direitos iguais, dentro desse escopo universalista liberal, na prática são: moralistas, punitivistas...

Cristiane Mare da Silva. RAZÃO E RESPONSABILIDADE: COMO HONRAR A MEMÓRIA DOS MORTOS POR NOSSA LIBERDADE . Arandu: estudos de crítica da cultura contemporânea, 05 agosto de 2025.

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  RAZÃO E RESPONSABILIDADE: COMO HONRAR A MEMÓRIA DOS MORTOS POR NOSSA LIBERDADE            Por Cristiane Mare da Silva Quando uma “comunidade de sentido” se transforma em uma “comunidade de interesses”, sem ou com metáfora (ao gosto das interpretações), quem nela ocupa o topo da cadeia alimentar vira caça predileta . E, no reino animal, a perseguição é implacável e irrecorrível. Não há juízo, consciência, pausa, reflexão, limite. Nada importa, a não ser o mórbido prazer de saciar a sede e a fome diante do sangue ainda fresco.                                        Wilson Matos I’ m not your negro (Raoul Peck,2016). A primeira vez que ouvi falar sobre esse documentário, estudava na cidade de São Paulo e lembro da euforia, em que há cer...

Cristiane Mare da Silva. El SUR ES MI NORTE: LAS MÁRGENES DE SI. Arandu: Estudos de Crítica da Cultura Contemporânea, 03 de agosto de 2025.

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  Mural de Igor Izi próximo a Ponte da Amizade em Foz de Iguaçú, Paraná. El SUR ES MI NORTE: LAS MÁRGENES DE SI . Cristiane Mare* Essa é a cara do Sul que me encanta, e da qual eu sou profundamente apaixonada. Precisei do tempo, para que a gente se encontrasse. "Ara", que significa tempo, e “Andu”, que significa sentir ou ouvir= Arandu ou sabedoria em guarani.  O retorno à Cascavel, Paraná, foi um vislumbre do passado no presente. Voltar aos espaços de memórias que nos causaram profundo sofrimento não é tarefa das mais fáceis, entretanto, podem ser uma oportunidade para alinhavar as ideias e dar-nos o direito de enfrentar nossos próprios demônios.  O certo, é que referente às minhas inúmeras experiências e ao trágico destino de lideranças latinoamericanas, também compreendi que há uma Cascavel, como a Moira para os gregos, em todo lugar.  Portanto, retirei Cascavel de seu lugar recôndito e singular, minha Cascahell, a situando dentro de disputas de narrativas e proj...

PRETINHO NORDESTINO

Estava eu nos últimos dias de atividades escolares. Os estudantes há essa altura já se encontravam de férias. Um dia lindo e para quem mora no litoral catarinense, dias lindos e abrasadores, significa deu praia, enquanto nós, os professores, estávamos fechando os temíveis conselhos de classe. Na segunda, havia trabalhado manhã, tarde e noite, no dia seguinte o corpo todo doía e a enxaqueca era forte, estar com os colegas o dia todo soa como estar no estreito de Kerch, que liga o Mar Negro ao Mar de Azov, separando a Criméia da Rússia Continental. Os professores fazendo suas análises de conjuntura, o fulanito, a fulanita e o beltrano. Eis que no meio de tantas turmas, apareceu uma estudante causando um certo furor entre professores, a discente era famosa, ficando conhecida como a Carminha da escola, Seu pobre, era seu jargão preferido, Competindo com- Odeio vocês seus pobres, vamos lá para a banca de heteroidentificação, loira, e não se se enganem, o sul é a pátria dos brancos? Sim, de ...

EXÍLIO

 Entre o exílio do não ser A escuridão galopando em sua força total Uma névoa profunda, infinita, triunfante Talvez por um tempo, Mas qual tempo, Aquele que te trouxe até aqui A moira implacável, sorridente, vencedora. Se não podemos vencê-la, o que fazer Aguardar o tempo Nem a escuridão infinita ou a luz de um amanhecer resistem ao tempo Nossas cegueiras e  ideias mal quistas, tampouco não se apresse, ele chega... As ideias se perdem,  os amigos por quais labirintos os deixei escapar Se alejaron de ti, no te recuerdas Gritavam maldita, mal parida Não há retorno, não se entristeça É o fim  ?  Não, diria uma pausa Um silêncio, um talvez De vez em quando É preciso perder-se de si Para quem sabe voltar a encontrar-se Nas reticências de um tempo qualquer Nos versos de um poema Na vida que segue  Nas memórias sufocadas Na verdade que um dia chega... Montevideo, 2018

ALAS ROTAS

Ganas de volver Volver hacía dónde Si tus alas están rotas Igual que una mariposa que al caer Si queda sin rumbo Embriagada por esta luz fuerte Que le ciega los ojos Y tus pies de hermosa mujer Te cuento que los he olvidado Quizás en algún pasillo Ya no vuelvo a encontrarlos Estes pies ya no son míos Serán de algún gigante Con gritos de orden Pero y tu alma Ella sigue, aunque destrozada Ahogada por aquellas que me decían compañera Si tus alas rotas Siguen tus caminos Caminos que ya no puede nombrarlos Pues, en este instante Ya no hay identidades fijas Solo tú y una sombra Dueña del tiempo, de tu tiempo Y de la libertad Montevideo, Mayo de 2018
Olhos de Amílcar De certo , era uma manhã como todas as outras. O que não era certo, era aquele vazio que sentia em alguma parte do corpo. Já ia esquecendo, meu nome é  Amilcar, tenho sete anos e sou alto, tão alto que quando era pequeno, tinha medo de ser um gigante. Dizia_ Mãe eu não quero ser um gigante, minha mãe ria de mim e as vezes me contava que eu nunca fui um bebezinho desses bem pequeninos, eu já nasci grande, 53 cm e 5 kilos. As pessoas olhavam pra mim e me diziam - Esse menino é gigante! Ficava pensando que cresceria tanto, tanto , que não ia mais entrar na minha casa, igual um filme que tinha visto com meus pais!! Deveria ter levantado, tomado café e ter feito as tarefas da escola. Mas aquela dor não deixava e daqui a pouco, minha mãe iria me cobrar. Por mais que eu não quisesse que ela brigasse comigo, preferi ficar jogando no celular, lá no fundo da minha cama, com vontade de deixar de existir. Em pouco tempo, estava a minha mãe na porta blá,blá,blá. A tarefa...