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Olhos de Amílcar De certo , era uma manhã como todas as outras. O que não era certo, era aquele vazio que sentia em alguma parte do corpo. Já ia esquecendo, meu nome é  Amilcar, tenho sete anos e sou alto, tão alto que quando era pequeno, tinha medo de ser um gigante. Dizia_ Mãe eu não quero ser um gigante, minha mãe ria de mim e as vezes me contava que eu nunca fui um bebezinho desses bem pequeninos, eu já nasci grande, 53 cm e 5 kilos. As pessoas olhavam pra mim e me diziam - Esse menino é gigante! Ficava pensando que cresceria tanto, tanto , que não ia mais entrar na minha casa, igual um filme que tinha visto com meus pais!! Deveria ter levantado, tomado café e ter feito as tarefas da escola. Mas aquela dor não deixava e daqui a pouco, minha mãe iria me cobrar. Por mais que eu não quisesse que ela brigasse comigo, preferi ficar jogando no celular, lá no fundo da minha cama, com vontade de deixar de existir. Em pouco tempo, estava a minha mãe na porta blá,blá,blá. A tarefa...
É como labirinto Vida na quebrada Morte na surdina Quando sobrevive, é tanta treta Diz aí Doutor, quem resiste? Tic tac, o relógio faz tic E o gatilho faz Tac Tô na Roleta russa A alma tá  um veneno Queria esquecer Deixar pra trás Aquela grade fechando A solidão me apertando Mas essa vida  aqui em cima mais parece uma furada Tô aqui na quebrada E essa carne Preta, Quanto  custa? Não custa...
Onde me vês Sou miragem Dor, resiliência Onde me escutas, Sou eco Loucura A loucura, que há em mim Escorre entre minhas pernas,  Desatina e recomeça Não, não se atreva Não me olhe,  Seu olhar, me causa náuseas, calafrios Nojo Quanto a seus privilégios,  Invisibilidade/Neutralidade, não sei Pegue seu corpo, sua maldade Suma, desapareça A sua existência,  Me mata aos pedacinhos E diz que não vê? Meu corpo,  No chão, em desalinho Minha mão, Estendida, pedindo todo o resto O teu resto Me transformastes Em lodo, ira, violência E agora! Agora, não me queres ver? Sua maldade não te excita? Como dormes,  Sabendo que o animal que vês em mim É aquilo, que de mais profundo Habita em ti... Branco,  Da cor da guerra,  Da morte, da lama Vai vendo, vai vendo O futuro é Preta ! ! E teu racismo,  não guenta.