quinta-feira, 23 de junho de 2016

Famílias Negras Empoderadas




 A foto acima, é um sonho para parte das famílias negras no Brasil. Se de um lado a ideia da ancestralidade, sempre vista e pensada através da matrilinearidade, aqui coloca-se em evidência o lugar dos nossos anciões, e do diálogo entre as diversas gerações de homens negros e a sua importância no fortalecimento dessa rede. Estes homens envelhecidos   que tem muito a nos ensinar, guiar e orientar. Em um país, em que nossos jovens morrem dos 14 aos 25 anos, com números análogos a de uma guerra civil, ou de um genocídio. Portanto, sua sobrevivência deveria ser celebrada por todos nós. Entretanto, nos falta tempo e expectativa para imaginá-los em maior idade.
Do outro lado, a figura constante de homens negros que ao abandonarem suas famílias, na busca desesperada pelo reconhecimento de sua masculinidade, colecionam mulheres, filhos e fios de solidão, pois ao fim e ao cabo, se reduzem às expectativas dos antigos escravocratas e de seus reduzidos privilégios machistas, ávidos pelos ganhos com suas crias, pois para os senhores de escravos, estes homens serviam apenas, para o trabalho e reprodução, quanto maior a prole, maior o ganho para a casa grande. Ou dos sonhos e devaneios sexuais de brancos e brancas racistas. Em que sua ascensão em nossa sociedade, parece não combinar com uma mulher negra ao seu lado.
Sujeitos, que morrem fisicamente ou que tem sua morte simbólica, ao se tornarem o espelho que a sociedade da democracia racial organizou para si. A conta lhe será cobrada em algum momento isto é certo. Como diria Toni Morrison, O olho mais azul, primeiro te transformam em solo infértil depois lhe cobrarão os frutos. Deste modo, a tônica Empoderamento de famílias negras e de nossa comunidade, parece algo sempre presente e sua ênfase em nossas rodas de conversas, formações e diálogos em torno do nosso crescimento uma necessidade, a prática da filosofia Ubuntu em que a humanidade de um só pode ser partilhada, em harmonia com o todo.
Embora, eles não saibam, o nome de parte das ações e cotidianos aqui apresentadas é escravidão e resquícios de uma sociedade Racista/Patriarcal, que transforma ditos privilégios de gênero em sua própria condenação, já que se se alinham a ideários racistas. É da  natureza da escravidão, o controle do trabalho, da obediência e do sexo, triste é saber, que o sonho dos colonizadores permanece firme e atual no seio de nossa comunidade.

Desterro, 23 de junho de 2016

Cristiane Mare da Silva- Texto escrito em diálogo com minha amiga Claudia Prado da Rosa e de meu companheiro Paulino Cardoso.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Sou uma Mulher,
Trago sinais do tempo
Marcas da vida,
Que se estabelecem
como cimento calcificado

Há o que se pode ver
e compartilhar
Entretanto, a vida que se esconde na alma
das dores e da calma
Essas são unicamente minhas
e só a mim, perceptíveis

Não pretendo negociar,
tampouco submetê-las
Ao crivo dos seus olhos
e daqueles, que nada sabem
De ser mulher negra,
Nesse  mundo branco....